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01 julho 2010

O Desenvolvimento no Mundo Contemporâneo

Há duas maneiras de olhar para o desenvolvimento no mundo contemporâneo. Uma, profundamente influenciada pelo crescimento da economia e pelos valores que lhe estão subjacentes, se refere ao desenvolvimento essencialmente como uma expansão rápida e sustentada do produto nacional (ou interno) bruto per capita, talvez qualificada por alguma exigência de que os frutos dessa expansão alcancem todas as camadas da comunidade. Vou chamá-la de “visão de desenvolvimento com opulência”. Nessa abordagem, os valores e a cultura não têm lugar fundamental.

Uma segunda visão, que contrasta com a anterior, vê o desenvolvimento como um processo que aumenta a liberdade dos envolvidos para perseguir quaisquer objetivos que valorizem. Nessa, que chamarei de “visão de desenvolvimento com liberdade efetiva”, a importância da opulência econômica está submetida ao critério de valores das pessoas envolvidas, e é, portanto, culturalmente condicionada.

Em consonância com essa visão do desenvolvimento, a expansão da capacidade humana pode ser descrita como a característica central do desenvolvimento. O conceito de “capacidade” de uma pessoa pode ser encontrado em Aristóteles, para quem a vida de um indivíduo podia ser vista como uma sequência de coisas que ele faz, ou estados de ser que ele alcança, e que constituem uma coleção de “funcionamentos”. A “capacidade” refere-se às combinações alternativas de funcionamentos a partir das quais uma pessoa pode escolher. Assim, a noção de capacidade é essencialmente um regime de liberdade – o leque de opções que uma pessoa tem para decidir que tipo de vida levar.

A pobreza, nessa visão, não reside apenas no estado empobrecido em que uma pessoa pode realmente viver, mas também na falta de oportunidade real – imposta por constrangimentos sociais, bem como circunstâncias pessoais – para escolher outros tipos de vida. Mesmo baixos rendimentos, bens escassos e outros aspectos do que em média é visto como pobreza econômica são relevantes em última instância, por conta do seu papel na redução de capacidades (isto é, em restringir severamente as oportunidades das pessoas para levar vidas valorizadas e valiosas).

Por Amartya Sen - Revista Planeta nº 452

29 junho 2010

Vergonha Nacional

Esse vídeo, postado abaixo,  divulgado no You Tube de autoria do CQC mostra os efeitos da nossa apatia enquanto cidadãos.

Grande parte dos nossos ilustres deputados contam como certo a omissão do povo brasileiro que não acompanha a vida pública de quem elege e agem com total falta de compromisso e descaso.

Por isso defendo a campanha que vincula na net de, neta eleição,  não reelejermos ninguém como forma de protesto e um alerta aos futuros políticos

Dos deputados que foram mostrados neste vídeo somente o deputado João Dado agiu de forma correta, leu e se recusou assinar a proposta fictícia e descabida que os outros assinaram. Parabéns ao deputado.


27 junho 2010

Indicação Bibliográfica: O Método 6: Ética

Para Edgar Morin, quando o lucro se torna um imperativo a qualquer custo, transforma as pessoas em meros instrumentos. É o que expõe neste livro da Editora Sulina, 2005.As crises são situações extremas que forçam a busca de soluções. Em torno de um motivo comum - a superação da crise - o ser humano tem a oportunidade de transcender suas tendências egoístas em benefício do bem geral. É o que o filósofo francês Edgar Morin explica em seu livro "O Método 6: Ética" - último volume de sua série de seis livros sobre Método.

Nunca a humanidade se viu diante de uma crise ambiental tão eminente. Crise que não se restringe somente à relação do homem com o meio, mas do homem com seu próximo e consigo mesmo. Uma crise dos modelos de produção e de civilização. E nunca uma mudança se fez tão urgente. As cartas estão na mesa. Para Morin, a solução da crise depende do empenho do homem em se conhecer e fundamentar sua ética.

No livro em que identifica como um dos principais de sua obra, o autor deixa claro sua transdisciplinaridade. Este enfoque multifacetado é o que distingue seu trabalho como um dos mais densos e plurais do final do século XX e início do XXI. "Complexidade" é a palavra-chave para entender Morin; é o método que relaciona os elementos das diversas áreas do saber; uma estrutura multidisciplinar que revela as ligações intrínsecas entre ideologia, política e ciência.

Considerando sempre a natureza misteriosa do universo e a imprevisibilidade do gênero humano, o livro Ética é um mergulho nesta natureza volátil e ambivalente do homem. Desbrava suas motivações e inseguranças, dando subsídios ao leitor para penetrar mais profundamente em sua alma e analisar quais forças o põe em movimento. A partir de uma análise que elimine suas auto-justificativas e auto-indulgências, o ser humano terá condições melhores de formar alianças civilizadas com sua comunidade e com o planeta.

As transformações históricas e revoluções científicas possibilitaram a emancipação do homem contemporâneo. Dono do próprio destino, o homem já não teme Deus ou outra estrutura social para nortear sua conduta. É autônomo e individualista. Daí a necessidade de uma auto-ética. Não um conjunto de valores coletivos - como a religião ou os tradicionais "bons costumes" - mas uma visão particular do que é correto e o poder de formular, ele próprio, suas obrigações morais.

Partindo deste homem dono de suas escolhas, Morin faz uma análise do conceito volúvel de ética nos dias de hoje. Sempre multifocal, o pensador francês joga luz sobre a política contemporânea, a exigência do lucro e os poderes ambíguos da ciência e tecnologia. Coexistem em nós ímpetos egoístas e altruístas. Somos ao mesmo tempo Homo sapiens/demens.

Esperançoso em relação ao homem, embora consciente do seu potencial destrutivo, Morin aponta a civilidade como alavanca para um mundo mais equilibrado. Para ele, a única verdade ética universal é não fazer aos outros o que não gostaríamos que fizessem conosco. Uma conclusão óbvia, mas desdenhada por boa parte da humanidade.

Ao levar esta idéia para os diversos planos da vida, especialmente na economia e política, o homem poderá se religar harmoniosamente ao todo do qual ele se vê constantemente emancipado. A vida, em uma explicação poética, é feita de enlaces e separações. O princípio fundamental da Ética, para Morin, é ligar. "A Ética encontra o ser humano consigo mesmo, com sua comunidade, com a espécie."

Para demonstrar todas as conexões, Morin percorre, além da filosofia e antropologia, a física, biologia e matemática, em busca da complexidade ética. A complexidade nos exige refletir sobre quão relativas são as escolhas morais que temos de fazer em nossa vida.
Texto: Thiago Cid do Planeta Sustentável.

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