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27 junho 2010

Indicação Bibliográfica: O Método 6: Ética

Para Edgar Morin, quando o lucro se torna um imperativo a qualquer custo, transforma as pessoas em meros instrumentos. É o que expõe neste livro da Editora Sulina, 2005.As crises são situações extremas que forçam a busca de soluções. Em torno de um motivo comum - a superação da crise - o ser humano tem a oportunidade de transcender suas tendências egoístas em benefício do bem geral. É o que o filósofo francês Edgar Morin explica em seu livro "O Método 6: Ética" - último volume de sua série de seis livros sobre Método.

Nunca a humanidade se viu diante de uma crise ambiental tão eminente. Crise que não se restringe somente à relação do homem com o meio, mas do homem com seu próximo e consigo mesmo. Uma crise dos modelos de produção e de civilização. E nunca uma mudança se fez tão urgente. As cartas estão na mesa. Para Morin, a solução da crise depende do empenho do homem em se conhecer e fundamentar sua ética.

No livro em que identifica como um dos principais de sua obra, o autor deixa claro sua transdisciplinaridade. Este enfoque multifacetado é o que distingue seu trabalho como um dos mais densos e plurais do final do século XX e início do XXI. "Complexidade" é a palavra-chave para entender Morin; é o método que relaciona os elementos das diversas áreas do saber; uma estrutura multidisciplinar que revela as ligações intrínsecas entre ideologia, política e ciência.

Considerando sempre a natureza misteriosa do universo e a imprevisibilidade do gênero humano, o livro Ética é um mergulho nesta natureza volátil e ambivalente do homem. Desbrava suas motivações e inseguranças, dando subsídios ao leitor para penetrar mais profundamente em sua alma e analisar quais forças o põe em movimento. A partir de uma análise que elimine suas auto-justificativas e auto-indulgências, o ser humano terá condições melhores de formar alianças civilizadas com sua comunidade e com o planeta.

As transformações históricas e revoluções científicas possibilitaram a emancipação do homem contemporâneo. Dono do próprio destino, o homem já não teme Deus ou outra estrutura social para nortear sua conduta. É autônomo e individualista. Daí a necessidade de uma auto-ética. Não um conjunto de valores coletivos - como a religião ou os tradicionais "bons costumes" - mas uma visão particular do que é correto e o poder de formular, ele próprio, suas obrigações morais.

Partindo deste homem dono de suas escolhas, Morin faz uma análise do conceito volúvel de ética nos dias de hoje. Sempre multifocal, o pensador francês joga luz sobre a política contemporânea, a exigência do lucro e os poderes ambíguos da ciência e tecnologia. Coexistem em nós ímpetos egoístas e altruístas. Somos ao mesmo tempo Homo sapiens/demens.

Esperançoso em relação ao homem, embora consciente do seu potencial destrutivo, Morin aponta a civilidade como alavanca para um mundo mais equilibrado. Para ele, a única verdade ética universal é não fazer aos outros o que não gostaríamos que fizessem conosco. Uma conclusão óbvia, mas desdenhada por boa parte da humanidade.

Ao levar esta idéia para os diversos planos da vida, especialmente na economia e política, o homem poderá se religar harmoniosamente ao todo do qual ele se vê constantemente emancipado. A vida, em uma explicação poética, é feita de enlaces e separações. O princípio fundamental da Ética, para Morin, é ligar. "A Ética encontra o ser humano consigo mesmo, com sua comunidade, com a espécie."

Para demonstrar todas as conexões, Morin percorre, além da filosofia e antropologia, a física, biologia e matemática, em busca da complexidade ética. A complexidade nos exige refletir sobre quão relativas são as escolhas morais que temos de fazer em nossa vida.
Texto: Thiago Cid do Planeta Sustentável.

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