Um Estado democrático
de Direito não pode aceitar
práticas sociais e
institucionais que criminalizem,
estigmatizem ou
marginalizem cidadãos por motivos de
sexo, orientação
sexual ou identidade de gênero.
(Paulo Vannuchi, Folha de S. Paulo, 05.06.08)
A sigla LGBTT
representa o movimento social formado por ativistas vindos das comunidades de
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis. Para compreender as lutas
dos LGBTT, é preciso ter em mente que comunidade e movimento são coisas
distintas: o movimento reúne militantes e ativistas que se organizam em favor
de uma causa. A comunidade LGBTT é muito maior que o movimento e não necessariamente
estão juntos; são cidadãos e cidadãs de diferentes classes, grupos, etnias e
gerações; essa comunidade existe enquanto nicho de mercado, os quais não formam
um corpo social para além da lógica de mercado.
A sigla LGBTT
representa o movimento social formado por ativistas vindos das comunidades de
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis. Para compreender as lutas
dos LGBTT, é preciso ter em mente que comunidade e movimento são coisas
distintas: o movimento reúne militantes e ativistas que se organizam em favor
de uma causa. A comunidade LGBTT é muito maior que o movimento e não necessariamente
estão juntos; são cidadãos e cidadãs de diferentes classes, grupos, etnias e
gerações; essa comunidade existe enquanto nicho de mercado, os quais não formam
um corpo social para além da lógica de mercado.
Desde o início da
década de 1980 no Brasil, com a epidemia da AIDS, governo e movimentos se
uniram para combater a doença por meio de políticas de prevenção. Tornou-se uma
relação em que governo entrava com o financiamento de projetos e os movimentos
entravam com ativistas para desenvolver tais projetos, o que segue acontecendo
até hoje. Nesse contexto, o modelo das ONGs (Organizações Não-Governamentais)
tornou-se padrão para quase todos os grupos LGBTT, pois precisavam de uma
pessoa jurídica (CNPJ) para receber financiamento do governo. Diferentemente de
outras ONGs, as LGBTT ganharam importância, pois os órgãos do governo não
conseguiam ter acesso a essa população, que é muito específica e perseguida por
uma homofobia violenta.
Por exemplo: as
travestis que trabalham na rua convivem cotidianamente com a violência;
qualquer indivíduo que se aproxime delas que não seja outra travesti ou um
cliente (elas reconhecem de longe quando alguém não quer fazer programa com
elas) é identificado como uma ameaça, dificultando o trabalho do ativismo tanto
do governo, quanto do movimento. Para tanto, há a necessidade de outras
travestis que se envolvam e trabalhem com prevenção para esse grupo em específico.
É nesse quadro
político e social que o movimento passou a organizar duas ações não violentas
que deram resultados importantíssimos em curto prazo para a comunidade LGBT: as
Paradas de Orgulho LGBT e os beijaços em vários comércios não voltados para
esta comunidade.
AS PARADAS DO ORGULHO LGBT
A Parada do Orgulho LGBT
teve como modelo as paradas cívicas feitas nos EUA em comemoração ao Dia da
Independência dos EUA, 4 de Julho. Devido à tradição secular desse evento, o
movimento LGBT de Nova York, em protesto contra a homofobia, copiou esse modelo
em 1970 e deu um significado político a essa forma de manifestação social.
Escolheram como data para essa manifestação política o dia 28 de Junho, em
memória ao enfrentamento das travestis, das
lésbicas e dos gays
contra a polícia em um bar chamado StoneWall In.
Era um dos primeiros
bares a se voltar abertamente para homossexuais. E, justamente por isso, na
noite de 27 de junho de 1969,
a polícia o invadiu para fechá-lo e efetuar prisões,
alegando que o bar não tinha licença para vender bebidas alcoólicas para “pessoas
doentes”. Gays, lésbicas e travestis, revoltados com a truculência e
brutalidade da polícia, montaram uma barricada em frente ao bar e enfrentaram a
polícia por três noites seguidas, marcando a história do movimento LGBT. No ano
seguinte, o movimento organizou em
Nova York a primeira Parada para comemorar o aniversário
desse enfretamento e consagrou o dia 28 de junho como o “Dia Internacional do
Orgulho LGBT”.
A primeira Parada do
Orgulho LGBT no Brasil foi realizada no Rio de Janeiro, organizada pela ONG
Arco-Íris. A partir de 2004,
a Parada de São Paulo se tornou a maior Parada do mundo,
com cerca de 1 milhão e 800 mil pessoas na Avenida Paulista. Conforme pesquisa
realizada pela APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas,
Bissexuais e Transgêneros), mais de 70% dos participantes manifestaram
motivações políticas, mas sem perder a alegria, a ternura e o senso de humor
característico.
A realização das
Paradas ajudou a abrir o debate sobre orientação sexual e identidade de gênero
em diversas instituições públicas e privadas em todo o Brasil.
Diversas leis de
combate à homofobia em
vários Estados e Municípios foram aprovadas e, atualmente,
tramita no Senado o projeto de Lei que criminaliza a homofobia (trata-se do
Projeto de Lei, PLC n. 122, de 2006).
Além de São Paulo e
Rio de Janeiro, outras 210 cidades realizaram Paradas em 2009 e a expectativa é
que esse número aumente em 2010. Em poucos momentos da história da humanidade
viu-se um movimento tão aglutinador e forte que, por meio da ação não-violenta,
com potencial para mudar
significativamente
os paradigmas da nossa sociedade.
OS “BEIJAÇOS”: MANIFESTOS CONTRA A HOMOFOBIA
Uma outra
ação não-violenta realizada pelo movimento LGBT ficou conhecida como “beijaço”.
Trata-se da reunião de pessoas homossexuais que, diante de qualquer manifestação
explícita de homofobia, vão até o local onde a ação de preconceito aconteceu.
Ali, sob palavras de ordens, casais homossexuais se beijam como ação contra a
homofobia. Espaços comerciais têm sido ainda hoje um dos poucos lugares para
expressar a livre vivência da homoafetividade.
Foi isso o
que aconteceu com um casal em 2003, no Shopping Frei Caneca, em São Paulo , quando um
segurança solicitou-lhes que não se beijassem dentro do estabelecimento. Diante
desse ato de discriminação injustificável, o grupo CORSA (Cidadania, Orgulho,
Respeito e Amor), organizou um beijaço, em 04 de agosto de 2003, que reuniu
mais de 2000 pessoas protestando contra a discriminação.
Em Campinas, no dia 14
de abril de 2006, os grupos Identidade e MO.LE.CA. (Movimento Lésbico de
Campinas) organizaram no Beirute um beijaço contra a discriminação sofrida por
um casal de lésbicas por parte da dona do estabelecimento. Na ação participaram
cerca de 50 pessoas e, devido às contínua agressões da proprietária que chegou
a trancar alguns manifestantes dentro da loja, o caso foi parar na delegacia.
Em Goiânia, o grupo
universitário “Colcha de Retalhos” chegou a organizar entre 2005 e 2007, cinco
beijaços em vários bares, locais onde também houve discriminações. Essas ações
diretas realizadas em todo o Brasil têm contribuído significativamente com o
Movimento LGBT no combate à homofobia.
SAIBA UM
POUCO MAIS SOBRE O MOVIMENTO LGBT, CONSULTANDO AS SEGUINTES FONTES NA INTERNET:
http://www.abglt.org.br/port/paradas2009.php
http://www.athosgls.com.br/noticias_visualiza.php?contcod=19744
SOBRE A
HISTÓRIA DO MOVIMENTO LGBT NO BRASIL, CONSULTE OS LIVROS:
TREVISAN,
João Silvério. Devassos no paraíso. São Paulo: Record, 1986.
GREEN,
James. Além do carnaval. São Paulo: Editora Unesp, 1999.
FACHINI,
Regina. & SIMÕES, Júlio. Na trilha do arco-íris. São Paulo:
Editora Fundação Perseu Abramo, 2009.
Fonte: Material do Curso: Direitos
Humanos e Mediação de Conflitos
Nenhum comentário:
Postar um comentário