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23 outubro 2011

O olhar do teólogo


Dilema difícil: defender ou acusar o Estado! Diminuir o valor do Estado, vituperando-o de corrupção serve altamente aos interesses neoliberais de um Estado mínimo em vista de um Mercado máximo. Sem Estado, campeia a ganância dos gigantes econômicos a massacrar os pequenos. Sem Estado, difícil limitar o poder dos monopólios e oligopólios dominantes. Sem Estado, não há defensor possível do menor. Portanto, não é descartável nem deve ser jogado fora.Defender o Estado envergonha-nos, já que ele se afunda num mar de lamas. São os três poderes que ostentam escandalosa margem de corrupção. Não se sabe a quem recorrer. As barganhas despudoradas são armadas no seio do Estado. Defender o Estado sabe a conivência. Defender o Estado significar manter o campo das manobras das classes dominantes que o ocuparam, o manipulam, o colocam a seu serviço.A solução do dilema aponta para o crescimento da consciência eticopolítica da Sociedade civil. Não para suprir o Estado, mas para forçá-lo a cumprir seu dever. Mantê-lo sim, mas controlá-lo, pedir-lhe conta contínua de suas obrigações. O poder público mal trabalhado pelo Estado, desloca-se para as organizações não governamentais, para as associações comunitárias, para os movimentos sociais, para as iniciativas de grupos da sociedade.Sua eficiência tem-se mostrado no nível menor. Se ainda não conseguem influenciar muito o Estado nas instâncias federais, fazem-no nas municipais. “A cidade é a solução” é uma nova versão do “Small is beautiful” - O pequeno é bonito. Na cidade torna-se mais viável um controle cerrado dos cidadãos sobre seus administradores, legisladores e juízes. A modo de centros concêntricos em lago tranqüilo ferido por uma pedra, as iniciativas progridem em nível de influência até atingir as instâncias federais. E a mídia faz-se a aliada mais importante da luta pelo controle e julgamento do Estado.Aqui deparamos com outro dilema. A mídia impõe-se como a maior potência na sociedade civil em vista da moralização do Estado. Proclama sobre os telhados os conchavos feitos nas alcovas da corrupção. Rasga os véus da impunidade. Joga no lixo da história figuras prepotentes que se julgavam acima de qualquer suspeita. No entanto, ela mesma sofre as mais terríveis pressões dos poderosos, dos corruptos que lhe pedem conivências, mentiras, calúnias em prol de barganhas, de dinheiros fáceis. E aí o casamento entre um Estado corrupto e uma mídia venal torna-nos quase impotentes. Dois Golias contra o Davi da consciência ética civil.No entanto, Davi venceu o Golias. Tirou do alforje sua funda e com uma pedrinha e em lance certeiro derrubou-o. A funda da organização popular dos cidadãos com sua pedra pequenina, se lançada com destreza, tem poder de arrebentar os miolos de poderes iníquos. Jesus já nos ensinou que as trevas da maldade não suportam a luz da justiça, da ética, da solidariedade, da verdade, da transparência. Só ela espanca tanta escuridão em nosso país. Não se espera de cima nenhuma solução. Vem da percepção popular com sua indignação ética. Temos direito de sonhar com um Estado limpo da corrupção, com uma mídia independente do poder econômico a serviço da verdade e da honestidade. Temos direito de sonhar com um Brasil diferente, alternativo à ocupação forçada e perversa que vem sendo mantida por poderes exploradores desde seu alvorecer. Se de geração em geração os senhores da exploração vem passando o bastão do poder de um para o outro, desponta o tempo de romper esse jogo de revezamento com novos jogadores de outra equipe. Estamos aproximando-nos do tempo de constitui-la pelo nosso voto.

J. B. Libanio - Jornal de Opinião 

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