No
dia 10 de dezembro de 2007, na sua sede localizada no Conselho Federal da OAB,
o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), rede composta por 50
organizações da sociedade civil brasileira, decidiu convidar o povo brasileiro
ao desafio de construir uma lei diferente, surgida das ruas, associações,
igrejas, escolas e universidades: a Lei da Ficha Limpa.
Conquistamos
a sociedade brasileira para esse projeto. Desconstruímos preconceitos jurídicos
e redefinimos padrões de reflexão jurídico-políticos: os mandatos não são
patrimônios privados e as candidaturas são concessões da coletividade, não
direitos individuais. Afinal, o poder emana do povo.
Parabenizamos
o Congresso Nacional pela aprovação do projeto de lei. Congratulamo-nos com
todos os Ministros do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal
que, movidos pelo mais profundo espírito cívico e por uma leitura contemporânea
da Constituição, superaram as incorretas críticas que alguns teimavam em
dirigir à iniciativa popular, reconhecendo a validade da mais querida das leis
brasileiras.
Consideramos
que a serenidade, a urbanidade e o uso de fundamentos idôneos devem fazer parte
da vida do Judiciário. Os cidadãos e as entidades que com seriedade elaboraram
e trabalharam na construção do projeto de lei, por outro lado, merecem todo o
respeito.
Esclarecemos
que as organizações que realizaram a Campanha Ficha Limpa são as mesmas que se
puseram contra a ditadura militar. E, se essa mesma sociedade mobilizou-se para
ver longe da esfera política os que não honraram os votos que receberam, foi em
virtude de assistir imperar a impunidade no tocante a crimes da maior
gravidade. Acreditamos na Constituição brasileira, que reconhece na iniciativa
popular uma das formas de expressão direta do soberano: o conjunto dos
cidadãos.
Reafirmamos
que quem renuncia a um mandato público para atingir objetivos egoísticos não
merece mandato. Essa medida já constava, sim, do texto original do projeto de
lei de iniciativa popular. Trata-se de dispositivo que não sofreu qualquer
retoque no Parlamento, que o aprovou por unanimidade em suas duas casas.
Convidamos
toda a sociedade brasileira a permanecer mobilizada até que finalmente seja
afastado o risco de que o novo Ministro a ser escolhido para integrar o Supremo
Tribunal venha a se posicionar contra a Lei da Ficha Limpa em qualquer dos seus
aspectos. Uma escolha política não pode implicar no fim da maior conquista
jurídica brasileira no combate à corrupção política.
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