Estrutura da Presidência ganha mais
90 cargos
BRASÍLIA - Em contraste com a pregação de responsabilidade fiscal
anunciada nesta quarta-feira, 24, pela nova equipe econômica, a presidente
eleita Dilma Rousseff está recebendo um reforço na estrutura da Presidência da
República com a aprovação, na Câmara, de mais 90 cargos para serem preenchidos
sem concurso público.
O projeto já passou por duas comissões e será agora analisado
pela Comissão de Constituição e Justiça. Depois seguirá ao Senado, sem a
necessidade de ser votado pelo plenário da Casa. Os cargos serão efetivamente
criados após sanção do presidente da República.
Herdeira de uma estrutura fortalecida nestes quase oito anos de
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff terá à
disposição mais funcionários, com gastos anuais estimados em R$ 7,6 milhões.
Além desse projeto, outros 11 aprovados ontem pela Câmara preveem a criação de
mais 1.321 cargos e funções comissionadas com um impacto nas contas públicas
estimado em R$ 267,2 milhões até 2012.
No projeto enviado pelo Executivo, em 2008, os cargos são
destinados ao Gabinete Pessoal do Presidente da República, à Casa Civil, às
Secretarias de Relações Institucionais, de Comunicação Social, Geral, de
Assuntos Estratégicos, ao Gabinete de Segurança Institucional e ao Conselho
Nacional de Segurança Alimentar, órgãos vinculados à estrutura organizacional
da Presidência da República.
Parte dos cargos, justifica o projeto, é reservado ao
"reforço na estrutura da Casa Civil, com o objetivo básico de otimizar as
ações de acompanhamento e coordenação da execução do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC)". Apesar dos cargos, a presidente eleita deve transferir
parte das atribuições da Casa Civil para a pasta do Planejamento.
Outros cargos deverão ser usados pela Secretaria de Relações
Institucionais nas "atividades desenvolvidas pelo órgão na construção de
governabilidade e de governança estratégica que promovam os ambientes social e
político necessários ao enfrentamento dos problemas nacionais e ao cumprimento
dos compromissos assumidos na agenda de coalizão".
Denise Madueño, de O Estado de
S.Paulo
Com Lula, Presidência emprega 67
diretores e centenas de chefes
À semelhança do Congresso, o Palácio do Planalto é uma Casa com
organograma inchado. Os salários podem não chegar às cifras do Legislativo, mas
a Presidência criou no governo Luiz Inácio Lula da Silva uma série de funções
para encaixar a militância. Na teia administrativa, há 67 diretores e uma
centena de chefes. Só a Casa Civil, pasta comandada pela ministra Dilma
Rousseff, conta com sete diretores, mesmo número da multinacional Vale do Rio
Doce.
O setor que mais ganhou diretores foi o da Comunicação Social, do
ministro Franklin Martins. Desde 2003, passou de 2 para 12 diretores, o dobro
da Petrobrás. Há diretores de Patrocínios, Normas, Controle, Internet e
Eventos, Comunicação da Área de Desenvolvimento, Mídia, Imprensa Internacional,
Imprensa Nacional, Imprensa Regional, Produção e Divulgação de Imagens, Apoio
Operacional e Administrativo e Comunicação da Área Social.
Foram criadas, ainda, mais oito Diretorias de Programa para as
pastas de Relações Institucionais e Assuntos Estratégicos. Um diretor
geralmente ocupa cargo comissionado com salário de R$ 8.988, o DAS-5, mas há
variações, caso seja servidor ou não (ver quadro ao lado).
Ao todo, entre cargos de chefia ou postos subalternos, cerca de
1.750 pessoas trabalham na estrutura da Presidência. Os "chefes"
estão em todos os departamentos, secretarias e escalões de poder.
O gabinete de Lula tem 13 deles, com salários de R$ 6.843,76 a R$ 11.179,36.
Trabalham ali também chefes adjuntos de Agenda, Informações em Apoio à Decisão,
Gestão e Atendimento, sem contar os tradicionais chefes de Cerimonial e
Ajudância de Ordens. O mais poderoso de todos, porém, é Gilberto Carvalho,
chefe do gabinete.
Já o organograma da Vice-Presidência, mais enxuto, lembra o de
uma empresa. O vice José Alencar trabalha com sete chefes, que comandam as
assessorias de Comunicação, Administração, Parlamentar, Técnica, Diplomática,
Militar, além do Gabinete. Não há correligionários mineiros ou amigos.
GASTOS
O gasto anual com funcionários em toda a estrutura da Presidência
deve passar de R$ 2,9 bilhões, em 2008, para R$ 3,4 bilhões, neste ano. Está
incluído o gasto com pessoal das secretarias especiais de Direitos Humanos,
Mulheres, Promoção Racial, Agência Brasileira de Inteligência (Abin),
Advocacia-Geral da União (AGU) e Empresa Brasileira de Comunicação.
Os gastos com pessoal do gabinete de Lula, incluindo a Casa
Civil, também devem aumentar. No ano passado, o valor gasto com os assessores
mais diretos chegou a R$ 141 milhões. A previsão é gastar R$ 149 milhões neste
ano. Desde janeiro, o pessoal do gabinete gerou uma despesa de R$ 25 milhões.
É tanta gente na Presidência que o próprio Lula chegou a se
queixar que o Planalto ficou apertado demais. Foi preciso dobrar as instalações
do restaurante e ampliar o número de vagas no estacionamento.
Procurados desde o dia 20 para esclarecimentos, os assessores da
Casa Civil se limitaram a confirmar o total de diretores. Os assessores não
informaram o que fazem nem quanto ganham. Apenas repassaram leis e decretos que
regulamentam as funções e gratificações. Desde 2003, essas normas sofreram
alterações para garantir a acomodação dos aliados.
Uma leitura parcial mostra que há mais de 50 chefes na
Presidência. Técnicos estimam que o número passe de cem. Há ainda os subchefes,
os subsecretários, os subcoordenadores e os secretários adjuntos.
Tânia Monteiro e Leonencio Nossa - O
Estadao de S.Paulo
Um comentário:
Oi querida amiga. Lindo! Desejo um belo fim de semana pra você. Convido-vos a visitar o meu blog de viagem. Bjs, Felipe
Postar um comentário